Nomeadamente, foram colocadas réplicas de três das lindas aras que lá estiveram numha altura. Estamos a falar do Facho de Donom, na comarca do Morraço, na costa sul-oeste da Galiza, onde foram achadas umhas 174 aras com dedicaçons ao Deus Berobreo, o que fai com que seja a deidade nativa com maior número de ex-votos da Península Ibérica. Muitas delas tinham oferendas rituais.
Porém, isto nom é de estranhar tendo em conta o que Berobreo representa: é o Deus dos mortos, quem te acolhe no trânsito com um sorriso e sempre de braços abertos. Ele comunica o aqui e o Além e o seu nome nom significa outra cousa senom “Senhor da Alta Casa (dos Mortos)”, que tamém aparece como Vestio Alonieco (“O Hospedeiro do Além” ou “Hospedeiro Alimentador”), lembrando neste delicado momento, e com mais sentido que nunca, um elemento absolutamente fundamental da cultura céltica: a hospitalidade. É como Donn (“Rico em Hóspedes”) na Irlanda, o chefe dos (galaicos) Filhos de Mil, o nome que recebe lá e quem disse antes de morrer “à minha casa viredes todos depois da vossa morte”.
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O Facho é umha atalaia privilegiada, cara o mar, pois a água é sempre lugar de encontro e de trânsito cara o Além; no oceano mora o Senhor dos Mortos. Desde aí podemos divisar as Ilhas Cies e Ons a um lado e outro (ilhas, a paragem de almas onde ficamos temporariamente cegos – nom está permitido ver – já que aprenderíamos o caminho a esse Além), onde imos todos e todas quando a vida neste mundo remata e desde onde, confiados, embarcamos outra vez da sua mao até o destino final. Berobreo está no paraíso das Cies e Ons, aonde podemos chegar desde o promontório da praia da Lançada, está nos outos cantís de Teixido olhando a Irlanda ao norte, mas… a sua casa é Donom.
Já em Outubro, tinha-se recuperado a zona do bem-intencionado ainda que errado costume dos visitantes erguerem milhadoiros, isto é, pequenos montes de pedras marcando o seu passo mas que, em realidade, o que fazem é erosionar, danar e misturar os restos que lá se encontram e criar umha paisagem irreal e descontextualizada. Propom-se agora a criaçom dum centro de interpretaçom e um certo controlo sobre as visitas, o que imediatamente fai-nos lembrar o Projecto Nemeton de protecçom dos lugares sagrados (assinado pela IDG e outras associaçons), no que usamos daquela umha imagem do santuário como representativa.

O primeiro uso conhecido do Santuário do Facho de Donom estima-se entre os séculos X e IX AEC, a finais da Idade do Bronze, e pode-se encontrar tamém um castro do S. IV AEC (Berobriga) e ainda umha construçom religiosa do S. IV EC. Contudo, existe com certeza muito trabalho arqueológico por fazer nesta zona declarada BIC (‘Bem de Interesse Cultural’) que só nos poderia dar ainda mais surpresas e alegrias, algo que polo momento nom é contemplado por falta de orçamento.
As autoridades políticas falam, isso sim, do “potencial turístico” do enclave, o qual nom está mal pois poderia ajudar a pagar pola sua manutençom e futuros trabalhos de investigaçom, mas tampouco estaria de mais explicar o verdadeiro significado de tal especial ponto da nossa geografia sagrada, e protegê-lo e respeitá-lo em consequência.
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