
Como na Primavera, chega amanhá um novo equilíbrio perfeito entre dia e noite, entre luz e escuridade, ainda que desta vez marca-se o lento trânsito cara a metade escura do ano (fica perto o passo de Samos a Giamos).
O evento astronómico como tal (ligeiramente mutável cada ano) dá-se desta vez o dia 23 de Setembro às 3:04 na Galécia norte (norte do rio Minho), 02:04 na Galécia sul.
É o Mabon, o Alban Elfed, a Noite do Caçador (quando o Sol é finalmente alcançado antes dum novo renascer), o Lar da Colheita. Em definitiva, o Equinócio de Outono: mais um passo na Roda do Ano marcando umha das festividades menores da Druidaria.
Após a grande celebraçom da plenitude da colheita na Seitura (Lugnasad), revisa-se agora a finalizaçom dessa colheita farturenta, festeja-se o seu cuidado armazenamento para esta nova jeira que pode ser longa e dura, mas que encaramos com optimismo e gratitude polo já conquistado e tudo o bom acumulado. Estamos prestes, pois, a caminhar cara o ano novo que há chegar na festa do Magusto (Samain) em poucas semanas.
Talvez antecipando a chegada dessa grande noite, a tradiçom galaica celebra este equinócio com o lume da chamada Festa das Fachas (ou Queima dos Fachós), outrora popular em todo o País e que oxalá pudera voltar sê-lo. Assim, desde há milénios pega-se fogo a uns fachos de pôla de castinheiro contra a meia noite, enquanto soa a gaita e prepara-se a comida e a bebida, como em toda boa celebraçom galega.
Com esta despedida, Lugo cai e começa o seu descanso, e nós acougamos com ele. Cale fica avisada. A Cale antes fisicamente esplendorosa declina aparentemente em aspecto, mas oferece graças à sua crescente experiência o seu sábio conselho a quem saber perguntar. Ela será agora quem nos aconchegue do seu próprio frio, vento, neve e chuvas. A aparência de vigor era nela um velo cobrindo o fragor da sua temporária juventude. Mas agora muda, agora toma lentamente o seu poder real.
Atençom, isso sim, pois é tamém época de juízos e recapitulaçons. Temos que estar preparados e preparadas de agora endiante para aturar os dias frios e as verdades que serám desveladas no Magusto através das mensagens dos nossos seres queridos. É na escuridade quando melhor se pode albiscar a luz.
Celebremos entom a previsom feita no passado para o goze do presente e a confiança no futuro.
Vem onde nós o Outono
Dacavalo do ar;
nos caminhos da fraga
os ouriços já abrem.
Sinto-o chegar contente
da eterna viagem
enredando entre as folhas
estreando friagem
(A.M. Fdes.)

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