No Dia da Mulher

druidesa
“O Visco”. Gravura de Druidesa mostrando o visco cortado, a planta mais sagrada. Virginie Demont-Breton (1895).

[recuperamos um texto publicado anteriormente, mas sempre válido]

No Dia Internacional da Mulher (Trabalhadora) – 8 de Março – a IDG acode ao seu chamado social nesta importante data, apoiando o que nela se honra e reivindica, como é a luita pola igualdade das mulheres, os seus direitos plenos e empoderamento na sociedade actual, lembrando e criticando o seu silenciamento secular.

Por desgraça, a institucionalizaçom desta ocasiom tende a ocultar muitos dos problemas reais por trás dumha cortina de falsa “equiparaçom” ou “avanços”.
Abofé que alguns sim se tenhem produzido na nossa sociedade, mas nom sem grande esforço e sacrifício, até da vida, e longe ainda dumha situaçom ideal. Os dados som óbvios e tristemente teimosos.
Fica muito, aliás, no caminho à frente. Por isso apelamos à constante vigilância contra a violência machista, discriminaçom laboral, controlo do corpo, segregaçom nos estudos e desportos, e tantas outras chagas que continuam a afectar, limitar, empobrecer e mesmo ameaçar a vida das mulheres galaicas e do mundo.

Contudo, e com diversos eventos acontecendo no País, nom podemos deixar de achar curioso e significativo que esta data se encontre ainda baixo a influência do Entroido (Imbolc), e portanto de Brigantia, a Deusa vitoriosa, aquela que estende ou retira a soberania, o poder, à sua vontade.
Na Druidaria Galaica acreditamos, como exemplifica a sua figura, que toda mulher é (deve ser!) livre nas suas escolhas, igual que Brigantia: ferreira e guerreira, soberana e sanadora, nai se quiser. Deixemos pois que esta grande Deusa poida ajudar-nos, recordando o papel fulcral da mulher nas antigas sociedades célticas, as mais avançadas neste aspecto na sua época.

Neste dia, a IDG ratifica de entre os Nove Compromissos Druídicos o Compromisso com a Humanidade, o Compromisso com a Independência e o Compromisso com a Liberdade, e evoca de entre as Nove Virtudes célticas a virtude da Justiça.

Bom dia entom, irmás, com mais um passo cara um futuro melhor.

Nota: Na nossa tradiçom e na nossa organizaçom a mulher pode ocupar qualquer posto, podendo ser iniciadas e ordenadas até o grau máximo da Druidaria que é o de Durvate (título único e sem género para ‘Druida’/’Druidesa’).

Como é habitual, o dia 8 celebra-se umha grande mobilizaçom e greve de mulheres a nível mundial, que a IDG apoia.

 

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De casamentos, ritos e espectáculos

Ao longo do tempo, a IDG tem recebido petiçons para a celebraçom de “casamentos celtas”. Na maior parte das vezes isto é feito com um interesse honesto, tentando marcar umha ocasiom especial com um detalhe de respeito perante o nosso legado cultural. Contudo, a celebraçom de “bodas celtas” parece estar na moda a maneira de espectáculo ou divertimento, despojado em grande medida do seu significado real (mesmo adaptando ao S. XXI) e, por suposto, religioso.

Claddagh
O símbolo de Claddagh, normalmente apresentado num anel, representa o amor, lealdade e amizade. É um presente muito frequente entre desposantes ou simplesmente entre amigos muito chegados. As suas origens conhecidas o situam em Galway (Irlanda), zona de forte conexom galaica.

Alarmam-nos detalhes já nom só em relaçom ao aguardado rigor histórico, onde poderiam se debater algumas interpretaçons, senom a cousas mais concretas como meros interesses económicos, a ingenuidade de quem pensa estar em presença dum autêntico druida ou druidesa ou a contradiçons enormes, como supostos ritos patrocinados por umha associaçom de caçadores.

Explicando um bocado estes aspectos, desde a IDG considera-se que todo rito a serviço do Clã deve ser gratuito (além de despesas óbvias), ou que um druida ou druidesa que se chame tal deve ser alguém aclamado polo seu próprio Clã, com umha filiaçom demonstrável e/ou reconhecido por ordens druídicas reputadas. Igualmente, todas as entidades druídicas oficiais do Estado (e nom só) barram da prática da Druidaria no seu seio a quem se dedicar à chamada “caça desportiva”, medida que a IDG tamém adere, com o que resulta bem estranho que alegadas celebraçons druídicas contem com esse tipo de patrocínios. Por último, indicar que o Lugnasad (Seitura) deve começar com o calor do mês de Agosto, umha das épocas de casamentos, nom quase trinta dias depois…

Fica tudo na boa se os supostos oficiantes e participantes som conscientes destas consideraçons e entendem e anunciam a tal festa como simplesmente isso, um teatro sem mais, mas que ninguém se iluda: nom é Druidaria e portanto nom deveriam comerciar nem com os seus nomes, nem com as suas deidades, nem com parte da sua parafernália. Nom deveriam enganar a quem sim possa acreditar que tal escenificaçom teatral é religiom a sério.

Temos que indicar, mais umha vez, que a IDG é ante todo umha agrupaçom religiosa, nom um simples grupo de recriaçom histórica ou associaçom cultural. Por isso, e com todo respeito, a IDG só pode ajudar a organizar tais ritos se as pessoas forem Caminhantes druídicas demonstráveis ou, no seu caso, pessoas que aceitaram os preceitos da Druidaria e se formaram nela, entendendo o que um casamento significa, ou se mesmo é aconselhável ou necessário; na maior parte dos casos nom é, devido à carga patriarcal de influência cristá que enchoupa tudo na nossa sociedade actual e que demora ser eliminada.

 

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De sexualidade e liberdade

O dia 28 de Junho é o dia internacionalmente reconhecido como Dia do Orgulho LGTB, comemorando umha data já histórica que remonta à chamada Rebeliom de Stonewall, em 1969. lgtb

Tem-se perguntado à IDG qual é a sua postura, e portanto da linha de religiom druídica galaica que representa, perante as questons de sexo, género e sexualidade, conceitos sempre cambiantes no tempo e nas culturas.

Achamos que a resposta é muito simples à luz dos relatos históricos, lendários e dentro da lógica mesma das nossas crenças, baseadas na liberdade e a responsabilidade. Assim aparece explicado nas FAQ/Perguntas Frequentes sob o cabeçalho “Qual é a visom da Druidaria respeito do sexo e preferências sexuais?“, com esta resposta:

Os Druidas e Druidesas tratam o corpo, relaçons pessoais e sexualidade com atençom e respeito, a elas mesmas e às outras. O sexo joga com umhas energias poderosas a ser estudadas, reverenciadas e desfrutadas se assim se quer. Reverência nom deve ser confundida com puritanismo ou excesso de pudor ou vergonha, ou com falta de intensidade. A verdadeira reverência é forte e sensual, com intençom e sentida, à vez que educada e amável. O ser humano integral é só se incorporar todos os elementos do seu ser natural, e se assim se deseja isto inclui umha sexualidade sá que conduza a umha maior alegria e bem-estar para todos e todas.
A Druidaria prima a responsabilidade, honra e compromisso dos indivíduos, e por tanto aceita qualquer acordo, prática ou organizaçom afectiva ou familiar que conte com o consentimento maduro e responsável de todos aqueles e aquelas envolvidas e que nom cause mal a nengum delas.
Pode-se acrescentar, de forma mais clara, que desde a IDG acreditamos que ninguém, nem indivíduo nem instituiçom, tem nada a dizer sobre as escolhas pessoais doutros indivíduos livres e conscientes, de acordo com os nossos preceitos mais básicos, e que é necessário fazermos esforços para rachar com determinadas injustiças que vivemos.
Convidamos, de facto, à investigaçom sobre este tema na civilizaçom celta, onde mais dumha pessoa poderá descobrir como de flexível e abrangente era.

 

PS. A IDG opera umha política de TOLERÂNCIA ZERO em relaçom ao maltrato animal, racismo, sexismo e homofobia, como era antigamente. Para mais informaçom leia-se o nosso ‘Aviso de intolerância’.

 

família
A nossa visom da(s) família(s). Que cada quem escolha, e cumpra com as suas responsabilidades.

 

Acima: representaçom idealizada do herói irlandês Cú Chulainn portando o seu amante Ferdiad depois de o matar ao “enfiar um arma secreta no seu ánus”. Pois é.
Fonte: Wikipédia / E. Wallcousins (1905)

 

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