A Noite dos Lumes e o Solstício de Verám

O Solstício de Verám, o dia mais longo e a noite mais curta do ano, cumpre desta vez a sua passagem astronómica na manhá do 21 de Junho (11:13 à norte do Minho, 10:13 à sul).
Ora bem, na nossa Tradiçom a festa da Noite dos Lumes (Alban Hefin, Mean Sámhraidh ou Dia do Meio-Verám), terá lugar como sempre na grande e especial noite do 23 ao 24 de Junho.

Esta aparente disparidade de datas tem a ver com o costume celta de celebrar durante 3 dias, ou que determinados eventos durassem 3 dias. Assim, na noite do 23 celebramos o fim dum breve ciclo que abre em poucas horas (desde o ponto de vista astronómico), e fecha sem problema na noite do 23-24. Há um balanço claro com o Solstício de Inverno e a Noite Nai.

Nom sendo umha das quatro celebraçons religiosas principais do ano seguindo a Roda do Ano, é sem dúvida umha das mais sentidas popularmente entre as quatro denominas “menores” (solstícios/equinócios). É umha ocasiom de alegria e convívio e assim deve ser sentida.
Contudo, como Druidistas é tamém importante fazer saber a quem quiser ouvir a verdadeira origem e motivos reais desta data, em forma de reparaçom e dignificaçom pola sua banalizaçom crescente.

É assim a celebraçom do trânsito ao verám que nos levará cara umha nova Seitura (Lugnasad), umha mudança de estaçom e um novo lento caminho cara Giamos, a metade escura. Vai rematando a época dos Maios (Beltaine) e tudo arde numha êxtase festiva.
Por isso, mais do que nunca, o lume em forma de cacharelas viram elemento fulcral alumiando a meia-noite, dissipando as trevas e criando um perfeito dia sem fim, um último berro de luz, poder e fertilidade. Decoram-se os chaos com flores, enchem-se as ruas de elementos vegetais, despedindo aos poucos ao bom do brilhante Bel, dando as boas vindas ao luminoso Lugo, que em nada completará a sua entrada.

Junto do Magusto e os Maios esta é a terceira das denominadas noites mágicas do ano, onde disque as meigas andam à solta. É bom momento entom para apanharmos ervas mencinheiras assim como banhar-nos no mar e até recolher a Flor da I-áuga (o primeiro reflexo do Sol na superfície das fontes), com a permissom das Xanas de Nábia no novo abrente, cousas todas que ham centrar os rituais para as nossas sanaçons e purificaçons.

Como cada ano, preparade-vos logo para acender e cuidar o lume do vosso Clan, umha fogueira tam alta e brilhante que dea luz às próprias estrelas, lume que depois haverá que saltar para eliminar todo mal.
Preparade-vos para partilhar a comida e recuperar forças antes de apanhar as ervas e água mágicas, para tomar o banho de mar na noite que é dia, e aguardar ainda assim pelo raiar do Sol que lembrará que sempre há voltar 🙂

NOTA sobre as celebraçons: Como sempre, chamamos à responsabilidade e sentidinho quando celebredes esta noite. O lume amigo pode virar fogo incontrolado e daninho, e o barulho de explosons assusta animais e perturba a Natureza.

Noite dos Lumes, alegre / menina, vai-te lavar

apanharás água do pássaro / antes de que o Sol raiar

Irás arrente do dia / a água fresca catar

da água do passarinho / que saúde che há de dar

Corre menina, vai-te lavar / lá na fonte te hás de lavar

e a fresca água desta alborada / cor de cereixa che tem que dar

Se arraiar, se arrairá / todas as meigas levará;

já arraiou, já arraiou / todas as meigas levou.

Uma tradição bem antiga e profundamente enraizada, embora a maioria da gente a conheça com um nome falso
Umha tradiçom bem antiga e profundamente enraizada na nossa cultura, embora a maioria da gente a conheça com um nome falso.

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Nom perturbemos a Natureza

Nestas datas de verám muitos e muitas de nós gostamos de interagir ainda mais com a Natureza, seja mediante passeios de montanha ou banhos na praia, desfrutando de tudo o bom que tem para dar este mundo no que vivemos. Normalmente fazemos isto aproveitando as jornadas de férias bem seja por prazer, por saúde, por instinto, ou pola forte chamada que toda pessoa Druidista sente cara a nossa fonte de inspiraçom primordial e foco de reverência central que é esse mundo natural.

Contudo, é imprescindível sabermos estar na Natureza, sendo cientes que nada nela devemos perturbar, danar nem sujar. Antes o contrário, como Druidistas devemos protege-la e cuidá-la ao máximo das nossas possibilidades. Assim, devemos estudar e compreender como funcionam os ciclos naturais, os ecosistemas que visitamos, os hábitos e ritmos dos animais… É umha actividade fascinante nela mesma que, tamém, contribui decisivamente à nossa experiência espiritual profunda, pois poderemos interiorizar de forma efectiva a realidade do nosso redor.

Por isto é importante repetir que nós somos Natureza e a Natureza está em nós, e com isto assimilar que as plantas e árvores, animais grandes e pequenos, montanhas, rochas, praias ou o mar, rios e lagos, nom estám aí só para o nosso mero divertimento senom que som parte de nós e nós parte deles. Nomeadamente, os animais som os nossos iguais e nom existem “para nós” ou para “o nosso uso”, umha ideia totalmente errónea mas por desgraça firmemente ancorada nos ensinamentos derivados do cristianismo cultural no que a maioria de nós foi educada.

Como especificamos na nossa secçom de Perguntas Frequentes – FAQ, os animais nom-humanos som os nossos companheiros de vida, seres doutras espécies com quem nos relacionamos e estabelecemos, de facto, vínculos emocionais. Deixando agora de lado interpretaçons simbólico-religiosas, criam-se com eles e arredor deles umha série de dinâmicas que estám sempre sob escrutínio moral e ético pois as suas condiçons de vida, a sua própria vida, está nas nossas mans. Somos responsáveis por eles assim como somos responsáveis polo cuidado de todo elemento natural ou ser inocente que, sem opçom, pode se ver afetado polas nossas acçons “inteligentes”.

Deste jeito, lembramos novamente que a IDG subscreve a Declaraçom Universal dos Direitos Animais e que mantém umha política de tolerância zero em relaçom ao maltrato animal. Aliás, a prática de “desportos” com participaçom animal ou a chamada caça e pesca “desportiva” é incompatível com a pertença à IDG.

A premissa realmente é muito simples: deixa os bichos estar; se gostas deles, cuida deles, nom os amoles.

Seguindo esta linha de pensamento abrimos aqui um ponto de reflexom totalmente lógico que tamém figura no nosso FAQ: como seres conscientes e sensíveis que som a pergunta é se podem ser utilizados como fonte de alimento. Isto pode ser respondido com outras perguntas: precisamos realmente de animais como fonte de alimento hoje em dia na nossa sociedade? Temos direito a dispor das vidas doutros seres que nengum mal nos figeram à nossa vontade? Em base a quê? A resposta é, acreditamos, negativa em todos os casos.

Persevera-se no uso e consumo de animais por puro egoísmo ou comodidade – ou por um mero ganho económico (nomeadamente o lobby da caça na nossa terra e a indústria da carne, só interessada no seu próprio benefício) – forçando-os no processo a um sofrimento brutal inegável e amplamente demonstrado. Tal comportamento é ilógico e cruel nas nossas coordenadas sociais e históricas actuais.

A escolha é pessoal, porém encorajamos a toda pessoa Druidista a pensar, informar-se com rigor e explorar as múltiplas opçons do vegetarianismo ou o veganismo como alternativas a possíveis conflitos éticos.

Polo demais… boas férias! Desfrutade da Natureza, cuidade-a, cuidade-vos  🙂

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